A questão acústica em escolas é de fundamental importância, uma vez que o aprendizado está ligado à boa audição da fala do professor, além da concentração na atividade dentro de sala de aula. Mesmo considerando novas metodologias, como o trabalho em equipe para solução de problemas, por exemplo, é importantíssimo conseguir ouvir o professor, os colegas e as mídias que estão envolvidas no processo de aprendizagem.
Considerando a atividade fim “aprender”, a acústica entra como condições mínimas e fundamentais para que esse objetivo seja alcançado.
Isso traz outro problema além da questão do aprendizado: o stress do professor por exemplo, que precisa falar cada vez mais alto para ser ouvido.
Para se ter um ambiente escolar com uma acústica adequada deve-se preocupar com o isolamento e o condicionamento acústico.
O isolamento para garantir um ruído ambiente com níveis sonoros baixos para que professores e alunos não forcem a voz nem se desconcentrem com o som vindo da rua, dos pátios da escola e dos corredores para sala de aula. Em alguns casos específicos também deve-se considerar o ruído estrutural, a vibração transmitida por uma linha férrea ou algum equipamento que gere vibração próximo à escola.
Os níveis sonoros descritos na NBR10152 para sala de aula são de 40dB. Isso se assemelha a uma conversa em voz baixa ou uma ruído ambiente de uma casa tranquila. Para alcançar o isolamento ideal, temos que estimar quanto de ruído teremos fora. Se a sala de aula estiver próxima a uma rua bem movimentada e a sala estiver de frente o isolamento vai ser de 90-40=50dB. Uma parede comum de alvenaria isola 40 a 45dB sem considerar as janelas. Ou seja, precisa de uma envoltória com isolamento acústico especial. Isso é possível na etapa de projeto, pensando em lay outs que diminuam a demanda pela acústica (Figura 1).
Figura 01- Melhores e piores lay outs – Fonte: Egan, 1988.
Considerando esse isolamento alcançado, sabemos que para sermos ouvidos o som da nossa voz deve estar pelo menos 10dBs acima do ruído ambiente, o professor ou aluno deve falar em 50dB para ser ouvido bem próximo a ele ou em 60dB para que a sua voz chegue até o fundo da sala. Isso sem contar com a famosa “conversa paralela”. Para isso contaremos com o condicionamento acústico de salas de aula.
O condicionamento acústico busca a qualidade do som interno, na capacidade de uma pessoa falar sem esforço e ser ouvida com clareza. Nesse sentido a sala de aula se assemelha a um auditório. O som não pode reverberante senão falta inteligibilidade do conteúdo. E conteúdo é conhecimento, se esse não for ouvido mais difícil vai ser de absorvido. O TR recomendado pela NBR12179 varia de 0,4 a 0,8 segundos. ÁUDIO DO TR . Essa é a fala de um ambiente com TR 0,5 segundos. Mas diferente de um auditório, uma sala de aula tem o ruído de fundo gerado pelos alunos. Isso pode ser resolvido com absorção , mas o excesso de absorção atrapalhe a a projeção da voz do professor. Então é preciso usar materiais reflexivos para projetar a fala do professor e materiais absorventes para absorver a reverberação e a fala dos alunos em uma dose calculada. O que vemos hoje em salas de aula são materiais de acabamento predominantemente lisos e reflexivos, como vidro, paredes lisas, pisos em porcelanato a própria superfície dos quadros. Existe uma infinidade de opções de forros com o NRC adequado e que atendam requisitos de higiene do ar que é muito importante nos espaços de ocupação intensa e prolongada como são as salas de aula (Figuras 02, 03 e 04).
Health & Wellbeing College, Sidney.
Paneis acusticas de Offecct // Soundwave Bella no Hotel Bella Sky em Copenhagen.
Por fim, gostaria de mostrar um vídeo feito pela Audium – Áudio e Acústica com a fala de uma pessoa antes e depois de um tratamento acústico de salas de aula.
